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O copo cheio, transbordou! Ou como Passos Coelho perdeu um Português.

Esta entrada tem mais de um ano e pode não estar actualizada.
A minha opinião pode ter mudado.

Aviso à navegação: este post contém palavras e termos eventualmente ofensivos. Foram usados de forma propositada e com a devida intenção. Fica o aviso.

Pedro Passos Coelho, o besta do nosso primeiro-ministro anunciou hoje um aumento de ~ 63% da contribuição para a segurança-social. Fê-lo com a mesma ligeireza com que, nos últimos meses, tem tirado os respectivos benefícios.

Mas tenho umas coisas a dizer:

  • Passos Coelho diz que esta era a única medida para respeitar o acórdão do tribunal constitucional e repor a equidade fiscal - principio que diz que todos os portugueses devem pagar o mesmo. O problema da besta é que esta medida não repõe a equidade fiscal. Os funcionários públicos não vêm os seus dois subsídios serem repostos. Vêm um;
  • A medida anunciada hoje não resolve nenhum dos problemas do país. Não aumenta a receita do estado. Não ajuda no combate do défice estatal;
  • O estado está a promover uma substituição da receita fiscal das empresas por receita fiscal dos trabalhadores, não aumentando qualquer receita para si;
  • A diminuição da taxa social única (TSU) para as empresas não promove a criação de emprego - nenhuma, repito  nenhuma empresa portuguesa vai contratar em massa numa economia como esta;
  • O consumo privado em portugal vai cair para valores históricos. Os portugueses já não têm dinheiro. Ainda este ano será anunciado os novos escalões de IRS, com um aumento de contribuições directas de cada um de nós.
  • Depois da comunicação desta noite, ficamos sem saber como Passos Coelho, o besta, vai resolver o problema do défice para 2012 ou para 2013. Porque a medida de hoje, tira dinheiro do bolso dos trabalhadores e coloca dinheiro no bolso das empresas, não do estado!

O que este aumento de imposto implica, tal como diz bem o El País, significa apenas e só um ajuste directo e definitivo aos ordenados dos portugueses. Ponto final parágrafo.

Consequências?

Não consigo prever o que vai acontecer a seguir.

Pergunto-me o que fará o Presidente da Republica? Depois do que disse hoje não pode aprovar esta lei.

Pergunto-me o que fará o Tribunal Constitucional? Depois da desonestidade do governo culpando-o pela inevitabilidade desta resolução, depois de verificar que esta solução não resolve o problema de equidade, só pode considerar anti-constitucional este assalto a céu aberto.

Pergunto-me o que fará o maior partido da oposição? O Partido Socialista não pode, não deve e não acredito que o faça, votar a favor ou simplesmente abster-se na votação para o Orçamento de Estado de 2013 - a acontecer em Outubro. Tem que votar contra ou nunca será considerado alternativa - se é que alguma vez foi…

Pergunto-me o que fará o povo (onde obviamente me incluo)? Passos Coelho, a besta, sabe que, por tradição o povo português é um povo pacato. O povo grego, passou por isto mesmo há dois anos - o que só prova que estamos dois anos atrás dos gregos mas vamos passar por lá - estrebuchou, manifestou-se, foi corrido e a austeridade avançou sempre. Não há razão para pensar que aqui não será, no mínimo, igual.

Eu? Eu desisti.

Desisti de acreditar em políticos. Em qualquer político. Quando vejo um partido político com a responsabilidade governamental do CDS-PP a brincar com as palavras e dizer no inicio da semana que não aceita mais impostos e dizer hoje à noite que isto não é um imposto, só os posso mandar - a todos - p’rá grande puta que os pariu! Não brinquem com as palavras e não insultem a minha inteligência.

Desisti de fazer sacrifício para dar de mamar a estes aldrabões. Sabem qual vai ser a consequência directa desta medida? Aumento de economia paralela. O pouco consumo privado que fazia, terminou hoje. Não contem comigo para continuar a tentar salvar um país que não tem futuro. Nos ultimos meses temos aguentado cortes de ordenados - já se esqueceram dos 5% da função pública? - taxas extra-ordinárias (que se tornarão ordinárias, mais cedo ou mais tarde) ao subsidio de Natal, cortes a dois ordenados que entretanto o tribunal considera anti-constitucional mas que ninguém tem vergonha na cara de manter, aumentos sucessivos de IVA, aumentos dos preços dos combustíveis de forma incontrolável e agora isto? Bardamerda!

Desisti de acreditar em Portugal! Apenas sinto uma angustia imensa por sentir que serei incapaz de deixar aos meus filhos um país melhor do que aquele que encontrei. E a culpa é toda minha!

Comentários

Maria Alice Pinto Soares

Sinceramente, já há muito que deixei de acreditar nos políticos deste pobre país tão à deriva. Dói tanto disparate, tanta bestice, depois de se exigir ao pacato povo português tanto sacrifício para que este jardim à beira mar plantado florescesse de novo. Digo "florescesse" porque, tal como tu, definitivamente deixei de acreditar. E, não me sinto culpada, por lá no fundo, no fundo ter acreditado que ainda valeria a pena...que seria possível! Sinto-me angustiada! Sim, angustiada... pelos nossos filhos, pelos nossos netos, pelo MEU País.

Raquel Iva Soares Oliveira

Deste governo, não esperava outra coisa...muito mais, infelizmente, há-de vir, se continuarmos passivos e brandos...vão sugar-nos até ao tutano.....................

Pela Blogosfera – Coelho « A Educação do meu Umbigo

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Paula Silva

Como o António, desisti deste país e a culpa é realmente minha por, tendo consciência já há vários anos de que o país não tinha qualquer futuro, ter permanecido cá, pela família, pelos amigos. Que burra que eu fui... E agora, com 46 anos, o que vou fazer?