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O divórcio

Esta entrada tem mais de um ano e pode não estar actualizada.
A minha opinião pode ter mudado.

Dizia eu aqui, sobre André Villas-Boas:

[…] impressiona pela regularidade, pelo carisma e acima de tudo pela cumplicidade que mantém com os adeptos, jogadores e dirigentes. Um casamento perfeito.

A verdade é que dois só dançam se ambos quiserem. E um deles não quer.

Tentei, ao longo das últimas horas ser racional e perceber que uma oferta 5 ou 6 vezes superior à que temos hoje não se rejeita. É humano e compreende-se. No lugar dele, provavelmente faria o mesmo.

Mas não consigo perceber todas as juras de amor e o imenso contentor de ilusões com que se nos vendeu nos últimos 12 meses…

Estou na minha cadeira de sonho não há motivo algum que me faça prescindir dela.

São palavras dele não há muito tempo. E não são palavras de circunstância. Pareciam genuínas. A verdade é que se mostraram serem vazias. De razão e de sentido.

Agradeço a André, tudo aquilo que nos deu no último ano. Foi um ano inesquecível.

  • A conquista da Supertaça, logo em Agosto, quando o adversário só dizia que ganharia pelo menos 3-0;
  • Os 5-0 do Dragão;
  • A conquista do campeonato em pleno estádio do maior rival;
  • A recuperação histórica de uma eliminatória depois de ter perdido em casa 2-0;
  • O ter terminado o campeonato sem derrotas, derrubando um mito que muitos diziam inatingível;
  • As sucessivas vitórias na Liga Europa, terminando com o record de vitórias numa competição europeia e a conquista da mesma;
  • A vitória na final da Taça, após 2 dias a festejar a conquista da Liga Europa.

Foi um ano de ilusão crescente em que, no início, muitos - eu incluído - não acreditavam no seu valor.

Agora, com um estrondo, abandona-nos. Está no seu pleno direito. Quer outros desafios. Provavelmente percebeu que cá já não tinha nada a ganhar e nada a perder. Mas não precisava de nos encher de ilusões e, se fosse homem, tinha partilhado logo essa sua vontade e não a uma semana de começar a época.

Entretanto, como muitas outras vezes, Rei morto, Rei posto.

Vitor Pereira

Não sei se Pinto da Costa - o único insubstituível - foi apanhado de surpresa. Ele diz que não. Eu acredito que sim.

Não sei se Vítor Pereira será o treinador ideal. Não será fácil o seu trabalho. Mas tenho que partilhar que, para mim, a partir do momento que o outro nos deixou, foi a minha primeira escolha. A uma semana de começar a época a opção teria que ser de continuidade. Só falta saber se Vítor Pereira - o melhor treinador do mundo desde ontem - tem unhas para a guitarra que tem em mãos. A ele desejo-lhe toda a sorte do mundo. A sorte dele serão as minhas - e de muitos milhares - alegrias.

Ao outro, que nos deixa assim, dizendo que “o único compromisso que tem é com as vitórias” cá estaremos para ver o que o futuro lhe reserva.

PS: Não consigo deixar de esboçar um sorriso quando vejo adeptos adversários - principalmente de um clube encarnado - regozijarem-se por esta alteração. Os mesmos que nem há dois meses diziam que apenas ganhava-mos devido aos árbitros são os primeiros agora a reconhecer a competência do outro. Nada que nós, os portistas já não tenhamos visto antes e tenhamos previsto que aconteceria.

Comentários

Filipasoares

Apesar de ser Braguista...gostei imenso deste  comentário. Os meus parabéns ao escritor. beijinhos meu amor da pessoa que te ama mais do que tudo Filipa Soares