Politiquices II
A minha opinião pode ter mudado.
O país acordou para um novo dia.
Depois de um dia de ontem em cheio, o povo acordou com algumas surpresas mas continua sem dinheiro no bolso. Nada de novo.
Nada?
Não é bem assim. Ouvi de manhã na TSF, Miguel Relvas a afirmar que o aumento de impostos, nomeadamente o IVA, pode ser uma realidade.
Na realidade, é algo que sabemos pode ser necessário - seja num governo mais à direita seja num governo mais à esquerda.
A novidade aqui - pelo menos para mim - é que o PSD já fala com se fosse governo. Chumbaram ontem um PEC, que contemplava medidas duras é verdade e que não era garantia que não teríamos mais medidas de contenção. Chumbaram um pacote de medidas com as quais até concordam, apesar de apenas parcialmente. Enviam uma carta ao mercado em que dizem não acreditar que o PS seja capaz de tomar medidas duras “principalmente na base alargada de apoio que constitui a função pública”.
Quem quiser ler nas entrelinhas sabe o que nos espera. Privatização do serviço nacional de saúde, privatização do ensino - no fundo dois dos poucos serviços aonde se pode ir buscar algum dinheiro - e reformulação total da função pública…
Não me vou alongar muito mais já que não quero caír no mesmo erro que Passos Coelho - falar como se já fosse governo - mas penso que aquilo que muitos dão como certo - a vitória do PSD, mesmo que coligado com o CDS/PP - pode não ser algo tão certo como isso.
Por fim, não posso deixar passar a nota de que, mais uma vez, o sr. Presidente foi, no mínimo deselegante. Não fazendo uma comunicação directa ao país, não aguardou que Sócrates viesse para a televisão se chorar e deu-nos a novidade a partir da página oficial da presidência na internet. Desta vez, ninguém o pode acusar que não teve tempo…
PS: Acabo de ler no público que Pedro Passos Coelho espera que Portugal fique fora de um resgate europeu. Só consigo esboçar um sorriso irónico para quem ontem se outorgava com autoridade para “não apresentar qualquer alternativa”. Leio no LeMonde que Pedro Passos Coelho “espère que les prochaines élections vont permettre d’obtenir un gouvernement plus fort, capable de maîtriser le déficit avec un programme de consolidation budgétaire plus sévère que celui que nous avions” (destaques meus).
Para que não fiquem dúvidas. Se precisarem, eu traduzo!