Jornalismo de sarjeta
A minha opinião pode ter mudado.

Contam por aí que Judite de Sousa entrevistou um cidadão português condenado há dias num tribunal Português por… pedofilia!
Vi 30 segundos, no momento que liguei a televisão, estava eu a chegar a casa e dizia Carlos Cruz (qualquer coisa como):
- A minha filha não sabe dizer pedofilia. Diz pidófilia. E é o que eu digo que isto tudo é: uma pide ófilia. São atitudes da PIDE.
Continuei a ver a entrevista durante mais uns minutos e fiquei baralhado. Vi uma jornalista, com fama e proveito de pressionar os seus entrevistado a conduzir uma entrevista de forma calma, mas acima de tudo deixando Carlos Cruz falar, explicar e reafirmar as suas razões. Judite de Sousa nunca aprofundou os temas de forma directa e foi sempre muito soft nas perguntas colocadas. Preferi não ver mais a entrevista mas fiquei com uma sensação: a RTP a mando de alguém ou a Judite de Sousa por iniciativa própria estão a fazer o frete ao condenado Carlos Cruz. Como não me acredito que Judite de Sousa se deixasse pressionar para fazer o trabalho a mando da RTP…
Para quem encostou o Primeiro Ministro José Sócrates à parede como o fez Judite de Sousa e quem viu a entrevista de hoje - mesmo que por breves instantes - só pode concluir uma coisa: a jornalista não é a mesma e está claramente a perder capacidades.
É triste que tenha sido assim. Independentemente de toda a justiça e direito que tenha o cidadão Carlos Cruz de se defender - e está a fazê-lo, tanto na opinião pública como na justiça - não havia necessidade da cidadã e jornalista Judite de Sousa ter entrado no jogo.
Ao fazê-lo, mostrou hoje ao país uma de duas coisas:
- Não consegue esconder o seu afecto pessoal pelo cidadão Carlos Cruz (que não sei se tem ou não) e foi propositadamente branda na entrevista que preparou para o cidadão Carlos Cruz, ou;
- Não consegue, enquanto exerce a profissão de jornalista, despir a máscara de esposa do cidadão Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra, eleito pelo PSD e fazer uma entrevista ao primeiro ministro sem “o comer vivo”.
Quanto à RTP, se é isto que é considerado serviço público só tenho um pedido a fazer: privatize-se de uma vez e canalize-se o dinheiro para coisas mais úteis. Sei lá, usar notas de 20€ como isco para a pesca, por exemplo…
Comentários
É verdade, o nojo de serviço que a RTP presta ao país não tem precedentes: dar voz a condenados pedófilos para caçar audiências. Populismo baseado na fatia (infelizmente grande) de analfabetos e ignorantes facilmente manipuláveis pelo galã de terceira reformado e condenado por crimes de sabujo. E estranhamente, como diz, a J.S. não falou em tom esganiçado nem agressivo, parecia serena e civilizada. Um asco. A sanidade desapareceu de vez.
Lamentável esta entrevista, realmente. Pelo respeito que tinha (depois de visionar a entrevista acho que o perdi) pela Judite Sousa (já quando andava em jornalismo ela era uma referência para muitos de nós, esperançados em trazer a verdade ao de cima, em mudar o mundo ...) nem procuro razões ou justificações para aquilo que se viu. Mas que lamento, profundamente, isso lamento.