Barack Obama
A minha opinião pode ter mudado.

O mundo mudou!
Não sei se mudou para melhor. Não sei se mudou para pior. Mas não tenho nenhuma dúvida que mudou.
Barack Obama é o novo presidente dos Estados Unidos.
Bem sei que a notícia não é nova. Vinda assim, com quase uma semana de atraso dá ideia que andei perdido no mundo e só hoje acordei.
Até a minha querida irmã notou que “nem eu” comentei a vitória de Barack Obama. Na verdade tinha um post pronto na manhã do dia 05. Mas para apenas para ser mais um a dizer o óbvio, decidi apagar a entrada.
Quatro dias depois, cá estou, mais friamente a comentar a vitória do primeiro afro-americano (que lindo é sermos politicamente correctos, não é?) a chegar ao lugar mais importante da política mundial.
Já muito foi dito e escrito sobre Barack Obama…
Embora insignificante e indiferente, era público o meio meu apoio a Obama. O meu e o de mais de 93% de 42219 Portugueses que votaram aqui.
Tal como muitos Portugueses acompanhei as eleições americanas com um redobrado interesse. Não só por Obama. Não só para tirar o ignorante Bush da Casa Branca. Mas porque a decisão americana afecta directamente e indirectamente o meu bolso. Confesso que estas eleições foram por mim seguidas com muito mais interesse do que (praticamente) todas as eleições Portuguesas.

Quando Obama, em Julho deste ano, chega a Berlim e é recebido por 250 mil pessoas no Tiergarten Parke e discursa durante 25 minutos como ele o fez, eu pensei em duas coisas: o mundo queria Obama na Casa Branca e Obama parecia ser o homem certo para o cargo.
Barack Obama é um homem inteligentíssimo. Mas também é um politico que não recorre a golpes baixos para fazer política. Não se aproveitou de várias fraquezas de John McCain ou Sarah Palin. E oportunidades não lhe faltaram… É um político que sabe usar a palavra. Sabe ser oportuno. Sabe ser ponderado. Raramente se exalta e parece ter sempre o momento controlado. Não por acaso, ganhou sempre os debates que teve com McCain.
Durante 21 meses conseguiu convencer primeiro os Democratas, depois o Mundo e por fim os Americanos que era o homem certo para o lugar certo. Depois de 8 anos de bushismo (posso-lhe chamar assim?) os americanos precisavam de algo que os unisse. E o mundo rezava que tal acontecesse. O povo Americano tremendamente dividido - quase cientificamente - estigmatizado pelo seu (ex) presidente e a precisar urgentemente de algo diferente. O resto do mundo, coitado, suspenso como que hipnotizado a aguardar o que os Americanos decidiam para si, para decidir o que fazer consigo.
São públicos os muitos discursos de Obama. Estão (quase?) todos no YouTube, no canal oficial do candidato, agora presidente. Há algo neles que me atrai. São discursos virados para o povo. São discursos poderosos sem serem maliciosamente agressivos. São discursos carregados de sentimentos fortes que apelam à união e à decisão. Ao contrário de outros, não apela à chantagem emocional. Não tenta dividir para reinar. Quase sempre sereno nos seus discursos, consegue transmitir a ideia de domínio completo sobre a matéria que versa. E a linguagem corporal, seja em discurso seja em debate, é sempre a acertada.
Dos muitos discursos, vou destacar dois.
O primeiro realizado (penso) a 30 de Novembro de 2007 no “Democratic National Committee Fall Meeting”. É um discurso de 45 minutos mas que deixo apenas um excerto de pouco mais de 2 minutos (em inglês):
O segundo, realizado precisamente na noite de terça-feira. É o primeiro discurso após saber que vai ser o próximo presidente dos Estados Unidos. São cerca de 17 minutos (também em inglês):
No blog Cão com Pulgas, está uma brilhante tradução de Maria João Batalha Reis. Podem vê-la aqui.
Imagens retiradas sob a Licença Creative Commons do canal oficial de Barack Obama do Flickr.